segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Os Elefantes Felizes

Ainda não passaram dois meses desde a cimeira do G20 em Washington, onde os líderes mundiais se comprometeram a rejeitar o proteccionismo comercial e a manter os princípios do mercado livre enquanto lutam contra a crise financeira global, mas um grande número desses países já está a quebrar a promessa.
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Embora ainda relativamente reduzidas na sua abrangência, as medidas, avisam os observadores, podem aumentar nos próximos meses para uma ampla onda de proteccionismo. O que, a acontecer, pode agravar a crise financeira global, ao estrangular ainda mais o comércio mundial, que já enfrenta o seu primeiro declínio desde 1982, enquanto a economia mundial abranda bruscamente e a procura desaparece.
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Nos tempos difíceis, dizem os analistas, as nações ficam mais inclinadas a tomar medidas que inibem o comércio, frequentemente com consequências desastrosas. As restrições ao comércio impostas pelos países que tentavam proteger as suas indústrias nos anos 30, por exemplo, levaram a uma guerra comercial global que aprofundou e prolongou a Grande Depressão.

Os governos de todo o mundo, perante uma crise esmagadora, em vez de abrir os olhos, resolveram cuidar das suas indústrias. Não preocupando-se com os consumidores, muito menos com os trabalhadores, mas subsidiando empresas.

Resolveram fechar os olhos à História e, embalados pelo sonho intervencionista, preparam-se para nos conduzir para um pesadelo. O problema maior é que, antes de acordar para a realidade, vão-nos esmagar - como um grande elefante, feliz por ser tão bondoso, que se aninha (para protegê-lo) sobre um ninho de formigas.

2 comentários:

GMaciel disse...

E desde quando é que os governos olham para e pelos seus concidadãos? Desde quando a política serve o bem comum? O poder económico é quem gere os destinos do mundo pelo que os políticos são meras marionetas das suas decisões e interesses. Ou não concordas?

:)

jocas

Igor Caldeira disse...

Concordo que há determinado poder económico que determina as decisões políticas.
O problema é a completa ausência de critérios racionais de decisão: tão depressa defendem o comércio livre, como impõem barreiras aduaneiras.

Para que não restem dúvidas, o que tem conduzido a política nos últimos anos não é tanto o chamado "neoliberalismo", mas mais o puro egoísmo. O mesmo egoísmo que que abriu o comércio, o mesmo egoísmo que o está a fechar. Não se trata de mudança de crenças ideológicas. Trata-se da ausência de moral.