quarta-feira, 4 de junho de 2008

Qu'est-ce qui se passe avec les jeunes portugais?


Quando hoje contava a uma francesa que estava a ponderar dar às de Vila Diogo nos próximos meses ela respondeu-me escandalisada que não sabia o que se passava com os jovens portugueses. A maior parte daqueles com quem tem falado ou já saíram ou querem sair tão breve quanto possível. E o que seria do país sem estes jovens?


Ela apercebe-se no fundo deste fenómeno.


A questão que devemos colocar é: que será dos jovens com este país? Quanto ao país, a minha primeira inclinação é dizer: com menos gente, ficam mais oportunidades para quem se aguenta à bronca e escolhe continuar a vegetar mais uns tempos. Na década de 70 foi isso que aconteceu. Com mais de um milhão de pessoas a fugir, a pressão demográfica fez-se sentir com menor intensidade. E isso é bom para, por exemplo, os salários.


O curioso contudo é que num país envelhecido e a envelhecer a uma velocidade alucinante (o nosso saldo natural é já deficitário) a mera possibilidade de haver pressão demográfica me tenha assomado. O problema não é demográfico: é económico, é político e é cultural; em suma, o problema é irremediavelmente estrutural e mesmo que com um ambiente económico mais favorável e decisões políticas mais corajosas o atraso cultural não seria superável.


Como explicar o caso que aqui relatei de uma rapariga que em Portugal não conseguiu ir a lado nenhum e decidiu ir para a Irlanda, onde acabou trabalhando numa área para a qual qualquer empresa portuguesa pediria um engenheiro ou um gestor, senão através de um défice cultural?
Tratar-se-á antes de uma questão de superavit de presunção dos empregadores portugueses?
E não serão ambos a mesma coisa?

2 comentários:

Anónimo disse...

Há que tempos que ando a pensar neste assunto, Igor. E foi muito interessante vê-lo abordado por ti. Neste momento, diria que 50 a 70% dos meus melhores amigos deixaram Portugal para trabalharem em sectores especializados mundo fora. Este país, simplesmente, não lhes deu nada...

Igor Caldeira disse...

Eu há vários anos que penso abandonar de vez Portugal (e friso o "de vez", porque normalmente escolho não ser tão radical, embora sendo honesto comigo próprio é isso que penso) e creio que, assim como eu, muita gente vai aguentando... até desistir, e partir.