Em resposta ao comentário do Heliocóptero:
Há uns tempos escrevi neste post: Pela minha parte, creio que a única coisa em que os não-crentes não têm muito para oferecer é na ritualização, na integração social e na dimensão estética, litúrgica.
É precisamente a essa dimensão estética que fica reduzida a religião se aceitarmos explicações científicas paralelas à crença religiosa. E isso não tem nada de mal. Pela minha parte, se conseguisse realmente separar a religião e a ciência, até preferia estar num culto apenas pela questão social e emocional.
Aliás, no post anterior já tinha escrito Aceitar a morte de deus pelo reconhecimento do desencantamento da ciência, da política e da moral é por conseguinte a única forma de reconhecer a liberdade do indivíduo enquanto ser racional. E para tal não é preciso deixar de acreditar em deus. Basta já não o levar muito a sério. Nada que praticamente todos os ocidentais, de resto, já não o façam.
Quando eu afirmo que o que é preciso é não levar muito a sério a crença digo-o precisamente porque as implicações dramáticas da religião no mundo são as científicas, as políticas e as morais.
Se a ligação à religião é apenas uma questão estética, então é apenas uma questão de liberdade individual.
1 comentário:
Bem, se vires apenas estética na vivência emotiva ao nascimento de um filho, na troca de gestos afectivos entre namorados ou na expressão de felicidade ante o sucesso dos nossos - tudo frutos de processos químicos, mas que não deixamos de viver irracionalmente - então sim, a religião será só uma questão de estética.
Mas sê-lo-à com uma consistência própria, por vezes até estruturante, e não como mero elemento decorativo que nada acrescenta.
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