Picados pelo ritual do haka – caracterizado pelos gestos e gritos primitivos simulando o domínio sexual do adversário – com que foram prendados pelos colegas de licenciatura em Engenharia Informática (LEI) da Universidade do Minho –, os estudantes do Instituto de Engenharia Superior do Porto (ISEP) perderam as estribeiras quando um elemento do seu grupo foi atingido pelo spray de um extintor dos caloiros minhotos. “Entraram sete rapazes e uma rapariga aos berros e aflitos que se meteram aqui na oficina, e de seguida vi para aí 40 ou 50 tipos com garrafas, garrafões e matracas, aparentemente bem bebidos, aos berros e a quererem bater nos de Braga”, disse ao CM João Pinto, descrevendo o cenário ocorrido ao final da tarde de anteontem na sua oficina Copiauto.
Exaltados, os alunos do Porto chegaram a utilizar gás pimenta e provocaram vários danos em alguns carros. João Pinto chegou a temer pela vida dos universitários minhotos, que ficaram sequestrados. [...] “Foram momentos terríveis e de grande tensão. Parecia algo só possível de acontecer num filme. Uma grande confusão, dezenas e dezenas de alunos aos berros e a gritar sucessivas ameaças, com a polícia à mistura e as sirenes da ambulância. Mais atrás ainda havia gente com uns copos de cerveja e também alguns com garrafas de Vinho do Porto”, descreveu ao CM uma moradora [...].
Há umas duas semanas escrevi um post em que defendia que as praxes devem ser simultaneamente permitidas e fortemente reguladas, por forma a garantir que efectivamente existe liberdade de escolha. Isto implica que à liberdade de praxar deve corresponder a responsabilidade de praxar dentro de limites aceitáveis.
Tenho sérias dúvidas que uma turba de bêbedos armados pretendendo espancar meia dúzia de pessoas e destruindo propriedade alheia seja agir dentro de limites aceitáveis. A expulsão ou, pelo menos, a suspensão dos alunos em causa seria o mínimo que a universidade poderia fazer, já para não falar das reparações pelos danos causados, que teria de ser tratada a nível jurídico.
Esta foi a parte em que me indignei. A parte em que me rio é aquela em que os trogloditas praxantes simulam o domínio sexual dos oponentes. Para quem possa achar ridícula a comparação entre o sadomasoquismo e as praxes, aí fica a bofetada.
4 comentários:
Gosto sempre muito de te ler, querido Igor.
E o sempre adiado almoço com a nossa Ki? A culpa é minha, eu sei.
;)
Olá Igor.
Conhecendo o teu franco «laïcité», só queria chamar a tua atenção para uma discussão recente no O Insurgente. Com o lançamento (até que em fim) do «The God Delusion» em Português fiquei atento ao O Insurgente, algo que me custa sempre a fazer, para as "novidades". .
P.S. Já agora, tb vou apoiar a Mrs. Clinton. De longe a candidata que oferece mais e melhores garantias para o bem dos Estados Unidos e não só.
Um abraço.
Olá Zé, e quando é que combinamos o almoço? Fala com a Gabi.
Olá Filipe, já fui ver e já comentei ;-). Obrigado.
Quanto à Hillary, parece que ela vai ser a candidata Democrata. Li há pouco um artigo no FT sobre ela, o Obama e o Edwards e achei curioso que ela não só seja a mais arrojada em políticas sociais (apesar do perfil mais "esquerdista" dos outros dois) como a mais aberta ao mercado livre. Estou confiante quanto a ela e não só acho que tem boas hipóteses de ganhar, como tenho a certeza que seria uma boa presidente. E eu, desconfiado e anti-poder como sou, dizer isto a respeito de alguém, é obra.
Só posso pensar mal das praxes!... Talvez seja uma postura de geração, mas a verdade é que não me parece que seja preciso maltratar e dominar os caloiros para os ajudar a adaptar-se ao mundo universitário. Há decerto outros recursos, se querem realmente AJUDAR os recém-chegados!
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