Ontem no programa da RTP Norte Sinais do Tempo passaram uma reportagem sobre a comunidade muçulmana na Suécia. Deram vários casos, desde um rapaz que passou a ser praticante apenas após o 11 de Setembro, estando casado com uma rapariga sueca que pacificamente aceitou o regime de escravatura religiosa que o marido exigiu até várias mulheres iranianas que fugiram do seu país após serem violadas, torturadas e presas, passando por um tenebroso homem que tem dedicado os últimos anos a radicalizar muçulmanos de toda a Suécia e ainda um rapaz curdo que tenta viver o seu islamismo de forma moderada e rejeitando qualquer forma de violência.
O fim da reportagem começava com uma ligeira nota de esperança - o primeiro rapaz que referi estava desiludido e não acreditava mais no islamismo militante; e tinha receio por ele e pela sua família, caso algum ataque terrorista se abatesse sobre um país escandinavo. Mas terminou de uma forma agoniante: Anahita, uma das refugiadas iranianas, viu a sua autorização de residência, ao fim de quatro anos, rejeitada. Uma mulher que ama a Suécia e a Liberdade, estava integrada socialmente (o orgulho com que afirmou que tinha passado à primeira no exame de condução!) foi condenada pelo seu país de acolhimento à prisão, tortura, violação e enfim morte por lapidação - ou, por outras palavras, foi condenada ao regresso, dentro de quatro semanas, ao Irão. Esse é o destino certo de uma mulher com o seu passado, o seu temperamento e, também, o seu presente: há não muito tempo tinha participado numa queima de véus e numa manifestação pelo secularismo e contra o extremismo religioso.
Desconheço como a sua história se desenvolveu. Terminei o programa em pânico e acabei enviando um e-mail à Associação Humanista Sueca perguntando se tinham alguma notícia relativamente a este ou outros casos. Num continente pejado de centenas de milhar de imigrantes extremistas (e de milhões de autóctones também eles extremistas) expulsar uma mulher deste calibre é um escândalo. Condená-la à morte desta forma deixa-me um nó na garganta e um sentimento de injustiça indescritível.
5 comentários:
Equívoco teu Igor, quem pratica prisão, tortura, violação e enfim morte por lapidação é o Irão. A Suécia apenas não lhe renovou o visto, sendo a mulher livre de procurar refúgio noutro lugar, qualquer país do mundo.
Não se pode sustentar todos os refugiados do mundo quando se tem 0,12% da população mundial. E a Suécia tem inclusive o direito de não acolher ninguém. Sem que lhe seja moralmente imputado qualquer crime.
Pois, mas quando a Suécia aceita acolher tipos que fazem propaganda fundamentalista e rejeita mulheres que fogem desse fundamentalismo está a fazer uma escolha.
Igor, o que tu escreveste é que o país de acolhimento [a suécia] faz a condenação. Estás a cometer um grave erro, a atribuir a violação dos direitos humanos a um outro estado que repudia todos estes princípios. A política de imigração é perfeitamente alheia às agressões cometidas noutras países.
A condenação não é jurídica mas é prática.
A condenação jurídica e prática é executada por Iranianos. Juízes Iranianos a proferir a sentença. Populares Iranianos a atirar as pedras.
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