[...] o Estado deve usar as suas leis para perguntar a uma pessoa que quer tatuar o corpo todo ou pôr 50 piercings se ela está boa da cabeça. Liberal mas não estúpido.
Ao contrário do que sucede com o tabaco, os piercings e as tatuagens só afectam as pessoas que os fazem. Se eu puser um piercing, ninguém vê a sua liberdade posta em causa. Se eu fumar um cigarro num espaço fechado e em que várias pessoas são forçadas por algum motivo a estar, estou a causar incómodo e dano à saúde de outras pessoas.
É, a esse respeito, muito bem apontada a crítica de Rui Tavares que Lomba refere. É que se pode haver excessos na lei anti-tabágica, então a lei anti-piercings e anti-tatuagens é uma perfeita aberração.
No entanto, o que Tavares não percebe é que este espírito paternalista e admiravelmundonovesco estava já todo contido em germe na luta antitabágica. E vai estender-se na luta contra os obesos (não, não é contra a obesidade, é contra os obesos, tal como a luta antitabágica é também mais contra os fumadores que contra o tabaco) e muitas outras coisas. Quando pomos o Estado a perguntar-nos se estamos bons da cabeça porque gostamos de fumar um cigarro, de ter tatuagens ou de comer uns brigadeiros de chocolate a mais, parar é difícil. Não sei se a estupidez é vício, mas o paternalismo sê-lo-á por certo.
PS - Não resisto a dizer já agora que os argumentos económicos muitas vezes usados, acusando os fumadores e os gordos de serem um peso para os serviços de saúde, que Combater a obesidade e o tabagismo pode salvar vidas mas não poupa dinheiro, revelaram esta terça-feira investigadores, assinalando que acaba por sair mais caro cuidar de uma cidadão saudável que viva muitos anos.
1 comentário:
Mais, sabe-se que os impostos ganhos no tabaco são muito superiores ao dinheiro gasto com os problemas de saúde relacionados com o tabagismo, ao contrário do que se vai afirmando aqui e ali.
Um dia destes ainda veremos regulamentado o horário de fruição das pacatas casas de banho por questões de poupança de água.
:(
Enviar um comentário