Não gosto de Margaret Thatcher. Lamento, não gosto mesmo. E até sei que, se não fosse ela, o Reino Unido não seria próspero como hoje é. Mas não gosto dela. Não posso gostar de alguém que apoiou uma das mais ferozes ditaduras da América Latina - ao ponto de ser amiga pessoal do ditador em causa, Pinochet.
Sou portanto insuspeito de proximidades políticas (exceptuando a noção de que o velho Reino Unido do pós-guerra precisava de um abanão económico para acordar) a respeito de uma política conservadora como ela. E mesmo o meu feminismo não chega para, lá por ser uma mulher, lhe nutrir especial simpatia (até porque de vez em quando me pergunto se a Natureza, no momento da atribuição do sexo, não se terá enganado - mas isso são outros quinhentos e não me vou pôr com suposições desse tipo).
Agora, há algo que a Humanidade inteira lhe deve, cada ser humano que hoje viva ou que venha a nascer no futuro: o facto de ela ser engenheira química de formação. Graças a esse facto aparentemente irrelevante o combate à destruição da camada do ozono será, porventura, a única campanha ambientalista de âmbito global politicamente coroada de sucesso. Foi a sua formação que lhe permitiu ver que os argumentos apresentados no seio da comunidade científica e pelos movimentos ecologistas não eram disparatados. E será algo a aprofundar, saber o seu peso na decisão dos EUA de Ronald Reagan de aceitar activamente o Protocolo de Montreal.
Não fora ela e ainda hoje teríamos lobbies industriais financiando "instituições de investigação" e "think thanks" dedicadas a dizer sobre a camada de ozono as mesmas fantásticas coisas que se dizem a respeito do aquecimento global ou do darwinismo. Não é preciso ser um génio para imaginar algumas das frases bombásticas: "A Bíblia fala da terra e fala dos céus - e não diz que Deus colocou camada de coisa nenhuma entre um e o outro", por exemplo.
Infelizmente, a destruição da camada vai prosseguir durante mais algumas décadas, mas tudo indica que a prazo o processo será invertido. É bem possível que dentro de poucos séculos esteja restabelecida.
Por isto, é de elementar justiça dizer: Obrigado, senhora engenheira.
Para mais ler...
http://ozone.unep.org/
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