Há uns tempos escrevi um post sobre os PPR's estatais, que um Secretário de Estado afirmou que serviriam para concorrer com os planos privados. Passado algum tempo, emendou a mão e afirmou que não, não era nada disso, são duas situações absolutamente distintas, este plano complementar estatal e os PPR's privados.
Bom, e agora que começa a sua aplicação, confirma-se: ele tinha razão... para pior. A ideia de o Estado se pôr a concorrer com os privados era simplesmente mirabolante. Mas quando achamos que não é possível descer-se mais na indigência das políticas de Segurança Social, eis que algum Secretário de Estado se lembra de nos lembrar que se para subir só temos um santinho a ajudar (e é coxo), para descer (mesmo que politicamente em sentido figurado) todos os santos ajudam. É que este tal plano complementar e opcional tem a particularidade de funcionar na base do pay as you go e não numa perspectiva de individualização.
Ou seja, os montantes descontados não ficam afectos a cada indivíduo, mas permanecerão no "bolo" geral. Assim, quem morrer antes da idade de reforma não deixa nada aos herdeiros. Em contrapartida (sentem-se muito bem sentados nas vossas cadeiras) quem viver para lá do período no final do qual os montantes poupados terão sido totalmente reembolsados continuará a receber a mesma pensão até morrer. A ideia de base é a de que as pensões não pagas aos que morrerem mais depressa sirvam para pagar as pensões dos outros.
O final disto, está bom de ver, é que ao invés de se resolver um problema (mesmo que de forma estatalmente balofa e desastrada) está-se a arranjar mais um. Imaginemos que os tipos que descontarem para este tal plano complementar têm uma longevidade mais elevada que o expectável. Quem é que vai pagar o défice do plano? Pois, nós. Tenhamos ou não descontado (ou tampouco aceite) este plano idiota.
- CORRECÇÃO: O Miguel Duarte apontou um importante erro no meu post, podendo a correcção ser lida aqui.
2 comentários:
E o desastre será tão maior quanto a necessidade eventual do Estado ir buscar esse dinheiro para tapar buracos orçamentais, história já consagrada por Cavaco aquando o seu segundo mandato - com a Nelita F. Leite como secretária-de-estado do orçamento - no qual usou o dinheiro da segurança social, e repetida por Bagão Félix, desta feita indo buscar o fundo da Caixa Nacional de Pensões, nunca tendo sido reposto o dinheiro. Lembras-te???
Pois eu lembro-me muito bem e lamento que poucos tenham retido na memória esses feitos contabilísticos. Por isso mesmo os dois organismos estão nas lonas. Agora pagamos para salvar os ditos cujos da falência e vamos lá a ver se não haverá mais algum governo que volte a usar o mesmo estratagema.
Concluindo e como dizes muito bem: eles arranjam sarna para os outros , NÓS, se coçarem.
Essa é uma história que ainda vai dar que falar. Durante anos e anos e anos usou-se o dinheiro da SS para cobrir o d+efice orçamental, o que falando em bom português bem é um, como dizê-lo, bem, um roubo. No futuro vai ter de ser encontrada uma solução para repôr esse dinheiro.
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