Muito de vez em quando, e enquanto não se dedica a brincar às pistolas de água, fazer malabarismo ou brincar aos espadachins, Paulo Pinto Mascarenhas lá vai afixando umas coisas para pessoas crescidas no seu parque infantil.
Recentemente publicou uma entrevista de Bruno Garschagen ao filósofo de Direita Olavo de Carvalho. Interessante que isto é exactamente aquilo que várias pessoas (entre as quais eu) já escreveram, pese embora o simplismo diabólico da divisão revolução/reacção (como se ao centro não houvesse a reforma). Olavo de Carvalho faz o que acusa a Direita de fazer - corrigir um erro com outro erro. Se é certeira a sua afirmação de que os conservadores não têm porque negar o seu conservadorismo, não pode simplesmente associar liberalismo e socialismo. Trata-se de três correntes distintas - que podem no entanto interpenetrar-se (incluíndo o socialismo e o conservadorismo, e com mais frequência que a que possamos pensar...).
Em todo o caso, a ler.
Pergunta - Lembro você ter escrito que, ao dialogar com alguns liberais, ao final da conversa constata que o sujeito é conservador com ideias liberais. Qual o problema essencial do liberalismo?
Resposta - Isso nasce de um vício de linguagem. Como a mídia brasileira chama de “conservadores” os grupos de interesses sem nenhuma ideologia própria, o que é totalmente errado, a direita corrigiu um erro com outro erro, dizendo-se “liberal” em vez de conservadora. Da minha parte, uso sempre o termo “liberalismo” no seu sentido histórico de um capítulo do movimento revolucionário. Às vezes, quando critico o liberalismo nesse sentido, alguns conservadores brasileiros acham que estou falando mal deles. O liberalismo, no sentido em que uso o termo, acredita que a liberdade é um princípio fundante da política, mas a liberdade é apenas uma regra formal, que, elevada à condição de princípio, resulta no esvaziamento relativista de todos os valores, fomentando a mutação revolucionária e a extinção da própria liberdade. A diferença entre princípio substantivo e regra formal é que o primeiro pode ter sua aplicação estendida indefinidamente sem levar a contradições, ao passo que a regra formal, se aplicada além de um certo limite, acaba por se negar a si mesma. A liberdade é uma regra formal, porque ela sempre necessita de outras que a definam e não funciona fora delas. Os liberais – no sentido em que uso o termo – não entendem isso.
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