Para a esquerda europeia, o programa económico e social de Obama é claramente liberal e, proposto por um político europeu, seria logo atacado por ser de direita. Não faz assim muito sentido que a esquerda europeia, entre Obama e Clinton, prefira o primeiro. Já se compreende que a direita europeia o escolha.
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Um antigo diplomata britânico colocou uma simples questão: qual foi a última vez que Obama tinha estado na Europa: os seus apoiantes não sabiam. Mas tinham a certeza que nunca tinha estado em Bruxelas. Se Obama for eleito, a Europa estará longe de ser uma prioridade para o futuro Presidente americano.
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O apoio a Obama mostra, antes de mais, que a ideologia é cada vez menos importante para a maioria dos europeus. A imagem conta muito mais do que a substância. Os europeus gostam da imagem de Obama, mas ligam pouco às suas propostas políticas. Em segundo lugar, para a maioria dos cidadãos europeus, muito mais do que o lugar da relação transatlântica nas prioridades do próximo inquilino da Casa Branca, o que conta é que ganhe o candidato que pareça ser o mais ‘anti-Bush’. Desconfio que estão completamente enganados. A guerra no Iraque, a ligação à religião e a recusa em assinar um regime global de luta contra as alterações climáticas são os três pecados maiores de Bush. É verdade que Obama foi contra a guerra. Todavia, não foi por ser um pacifista, mas sim devido aos seus instintos mais isolacionistas. De resto, é o candidato mais influenciado pela religião e o que menos fala de um regime internacional pós-Kyoto. Com as devidas diferenças, Obama faz parte de ‘mesma América’ que Bush. Uma América para a qual o internacionalismo multilateral e a relação especial com a Europa pouco conta e a fé religiosa tem uma ligação muito próxima com os valores políticos. Não deixa de ser interessante que a maioria dos europeus apoie o candidato, culturalmente, mais próximo de Bush.
João Marques de Almeida, A Ilusão Obama no Diário Económico
1 comentário:
Se os políticos, uma vez no poder, agem segundo os interesses de quem lhes pagou a campanha, então vamos ver quem está a pagar a campanha de Clinton e quem está a pagar a de Obama: facilmente compreenderemos porque é que muita gente à esquerda prefere este último.
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