sexta-feira, 28 de março de 2008

The Line of Beauty - Fugir a uma tragédia de enganos


Terminou anteontem a mini-série da BBC, transmitida pela RTP2, The Line of Beauty baseada no romance de Alan Hollinghurst (e que me fazia permanentemente lembrar Reviver o Passado em Brideshead). Nela é retratado o Reino Unido dos anos 80, entrelaçando os meios abastados, o conservadorismo e a homossexualidade. A personagem principal, o esteta Nick Guest, é um duplo outsider, pelas suas origens e pela sua orientação sexual. E, apesar de ao longo de quatro anos viver no seio de uma família de classe alta, ele será sempre um hóspede (guest...). Tolerado. Na sucessão de desastres que atingem o chefe da família amiga, um deputado conservador, Nick é a causa do terceiro: a esquerdista depressiva, filha do deputado e melhor amiga da personagem principal e que desempenha o papel do louco (portanto, o único que vê a verdade e a revela) revela aos jornais que a sua família alojou Nick, um homossexual, ao longo de quatro anos. Ela mostrou-lhe dessa forma que em momento algum a família o tinha respeitado, mas apenas tolerado enquanto a sua condição permanecesse escondida. No fim, é a ele que a família culpa pelo escândalo financeiro em que o deputado se envolve e pelo seu caso extramatrimonial com a secretária. Foi o bode expiatório - algo que a sua amiga depressiva já tinha antevisto.
Semelhante coisa disse eu ao Helder d'O Insurgente há uns meses atrás: simplesmente tolerar, no sentido passivo, não é nada. O que é preciso é respeitar o Outro, aceitando-o na sua integralidade e em tudo que não implique com a nossa liberdade. O respeito não é ser amigo de alguém. Respeito é aceitar alguém mesmo sem ser seu amigo pessoal.



Não vou divagar mais. Há uns dias li no Esquerda Republicana o seguinte texto:

Both anti-imperialist left and the right-wing refuse to see millions of people as truly human - with innumerable differences of opinions, and belonging to vast social movements and progressive organisations and parties - and worthy of the same rights and dignity as they believe is their due. Despite all their language to the contrary, the politics of both sides has nothing to do with improving and changing the lot of humanity and women’s status.

É preciso não termos ilusões a respeito do respeito que determinados grupos ideológicos têm, por exemplo, sobre a condição feminina.

Por muito que Geert Wilders coloque menções às mulheres, aos politeístas (serão os hindus?), aos gays ou aos judeus, por muito que muita gente tente encobrir xenofobia pura com considerações pró-tolerância, é preciso separar o trigo do joio. Considero, do que vi, o filme de Wilders inofensivo no sentido em que não mente - as imagens e as palavras não foram inventadas. Mas não caiamos numa tragédia de enganos: rejeitar o fundamentalismo islâmico é uma questão de sobrevivência. Não nos tornarmos iguais a ele também.

Para que cada um julgue por si o filme, aqui fica Fitna.


2 comentários:

EJSantos disse...

Vi o filme. Parece-me que quem tem razão para estar aborrecido são os muçilmanos moderados. Muito bem, então apareçam e digam de sua jusitiça.
Mas já agora, caro Igor, vá ao blogue "Mentes despertas" e veja um vídeo da lapidação de duas mulheres no Irão, Post do dia 29 de Março.

Igor Caldeira disse...

É horrível e revoltante.