terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Perder ao jogo e ganhar com o Estado

Hoje discute-se muito a intervenção estatal ou dos bancos centrais. Parece que ajudar os coitadinhos, injectar dinheiro no sistema é bom. Eu acho mal: quem tira vantagem disso são os espertos que estão sempre à espera que apareça um salvador.

Belmiro de Azevedo acusou o toque: o dinheiro que lhe cobram em impostos anda a ser gasto para colmatar as burrices de especuladores.

Tudo se passa de uma forma muito simples: Alberto, Bernardo e Carlos são uma família, em que Alberto trabalha e em que Bernardo gere a casa e por isso fica com uma parte do rendimento de Alberto enquanto Carlos nunca se sabe muito bem por onde pára. Consta que leva vida desafogada, ganhando bom dinheiro nas cartas. Já destruiu muitos outros lares, mas infelizmente o dinheiro tem de vir de algum lado, certo?
De vez em quando, a sorte ou a mestria abandonam Carlos, que regressa a casa lavado em lágrimas. Bernardo, condoído com o filho pródigo, pega em parte do dinheiro que reteve de Alberto e dá-o a Carlos, que dentro de algum tempo retorna à sua vida de sempre, deixando novamente a sua família e indo arruinar outras.

Se toda a intervenção do Estado é por princípio indesejável e deve servir apenas para colmatar aquilo que os indivíduos ou a sociedade não podem fazer, cobrir os erros de tipos que perdem dinheiro ao jogo parece-me de uma cretinice absurda. E sim, eu sei que esse dinheiro perdido ao jogo tem efeitos sobre todos nós. Mas então que o dinheiro seja investido nos afectados e não injectado nos culpados.

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