quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

O poder civilizador do mercado

Há uns 15 anos, quando a TVI nasceu, a revista Sábado de então publicou um cartoon que já na altura me pareceu profético e que por isso gravei na minha memória. As duas personagens do cartoon eram um anjo e um diabo. O primeiro vira-se e diz:
- Então, agora que a Igreja Católica vai ter uma estação de televisão, deves estar danado!
- Nada disso. - retorquiu o diabo - Só há duas hipóteses: ou a televisão é muito beata e não tem audiências (eu ganho!) ou a televisão é um sucesso e não pode ser lá muito católica (eu ganho!).
Uns 7 ou 8 anos depois assim foi: o Big Brother, que Emídio Rangel (o das italianas de protuberâncias mamárias ao léu e das meninas da meteorologia com os Pilares de Hércules por baixo das mini-saias) recusou por discordância ética, foi o impulsionador da TVI.


Casos há em que o facto de os fanáticos religiosos não estarem à altura do moralismo que destilam acarreta consequências graves. No entanto, em muitos outros os efeitos só podem ser positivos. O bom funcionamento da economia de mercado tem um efeito civilizador fantástico, e que o digam os eslovenos. Li que a televisão líder de mercado por aquelas bandas o é muito por consequência da sua generosa oferta de programas pornográficos. Sucede que a holding que controla a televisão em causa é detida por uma sociedade fundada pela Conferência Episcopal da Igreja Católica de Maribor.


Só não percebo se o objectivo é verdadeiramente civilizado (fazer dinheiro) ou se existe alguma agenda oculta para tornar os eslovenos viciados em pornografia, por um lado, ameaçando-os com as chamas do Inferno, por outro.
Sobre isso, o cartoon que li quando tinha 9 ou 10 anos nada dizia.

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