domingo, 6 de janeiro de 2008

Autovitimização é bonito (e tolerância selectiva também)

Pérolas do homem mais amargo de Portugal e arredores, com o patrocínio sempre liberalíssimo da Atlântico.

Em contrapartida, cai o céu se qualquer católico, padre ou Papa, se atrever a afirmar activamente o que pensa.
É curioso que é justamente o contrário. Há já umas quantas décadas que não se vê nenhum ateu a apelar à rebelião contra o catolicismo. Pelo contrário, face a um Secretário de Estado do Vaticano que apela à “rebelião” dos cristãos face ao laicismo ninguém se manifesta.
A Igreja Católica é uma instituição tão criticável quanto outra qualquer. Sendo uma instituição que está em guerra permanente com múltiplas causas (de direitos das mulheres, de direitos de minorias sexuais, de direitos cívicos como o da liberdade religiosa) é até naturalíssimo que seja permanentemente criticada. Por vezes, não com a violência necessária (de facto, apelar a uma rebelião contra os seus opositores ou contra uma sociedade baseada na tolerância religiosa é fantástico; imaginemos o que seria se os ateus apelassem a uma rebelião contra a Igreja, o que as cabeças “politicamente pseudo-incorrectas” diriam), mas os tolerantes mostram a sua superioridade não se rebaixando ao nível dos intolerantes.

Em Espanha, e na “Europa” inteira, ninguém se lembraria de criticar ou de inibir manifestações contra o ensino religioso, pela facilitação do divórcio ou pelo casamento de homossexuais.
Que o ódio aos homossexuais é vulgar por aquelas bandas, já todos sabíamos. Agora, que queiram voltar atrás e começar a opor-se ao divórcio, é o máximo.
Esquecem-se, no entanto, que são precisamente eles que criticam as manifestações pelos casamentos homossexuais. E têm a lata de dizer que ninguém critica aquelas manifestações. Portanto, esquecem-se deles próprios no momento em que escrevem? Inaudito. Fantástico. Genial.

Uma “diversidade” imposta e limitada pela força do Estado
Caríssimos, são contra o divórcio? Não se divorciem!
São contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo? Não se casem com pessoas do mesmo sexo.

Tanto quanto sei, a imposição estatal nasce nas questões civis quando nos proíbem de fazer alguma coisa (por exemplo, de roubar). Agora, o Estado pelo facto de permitir o divórcio ou os casamentos homossexuais está a impor o quê, exactamente?

5 comentários:

Anónimo disse...

VPV está a ficar um pouco senil. Mas há que reconhecer que ele já foi muito bom. Mas julgo que começa a ser demasiado evidente que está a perder qualidades.

Belleruche

Anónimo disse...

Está provado cientificamente que o álcool em demasia destrói células no cérebro.

Filipe Melo Sousa disse...

"o Estado pelo facto de permitir o divórcio ou os casamentos homossexuais está a impor o quê, exactamente?"

O estado não está a impor nada. Está a "discriminar positivamente" aqueles que se propõem unir em casais férteis, conferindo-lhes um leque de vantagens. Eu pessoalmente considero-me contra qualquer tipo de discriminação promovida pelo estado, seja ela dirigida directamente a um grupo, ou sob a falsa máscara da discriminação positiva, que será sempre negativa para os restantes. O estado deve simplesmente sair de cena em relação a qualquer tipo de uniões, retirando quaisquer benefícios legais, e deixando a cada um dar o valor que elas terão por si.

Ana Cristina Leonardo disse...

Eu gosto muito do VPV mesmo quando não concordo com ele.
E esta é para o anónimo: já não nos bastava o tabaco, agora tb. o álcool?

Igor Caldeira disse...

Filipe, há vantagens associadas ao casamento, mas também há questões bastante mais inócuas. Aliás, a maior parte das características do casamento visam apenas facilitar a vida entre os dois, e não propriamente dar vantagens. Por exemplo, a respeito do testamento.