segunda-feira, 28 de maio de 2007

Seremos culturalmente oligárquicos?

Ao ler o artigo de Luísa Schmidt na revista Única desta semana fiquei deprimido. O quadro que aqui vêem foi de lá retirado e é esmagador. Ao fim de trinta anos de Democracia estamos bastante atrás da Lituânia, da Letónia ou da Polónia em termos de igualdade social. Nenhum outro país tem um rácio que chegue sequer aos 7 e o nosso é de 8,2: só à conta da nossa mediocridade, a tabela tem de ser alargada em mais duas colunas.
Seremos culturalmente oligárquicos, cronicamente estúpidos?

Outra coisa me veio também à mente ao ver o quadro: Gosta Esping-Andersen. Readaptando a sua análise, consigo entrever na União Europeia cinco grandes grupos de países em termos de distribuição de riqueza (e que naturalmente são produto das suas políticas sociais e do modelo económico).



  1. Os mais igualitários são realmente os escandinavos: Suécia, Finlândia e Dinamarca são indubitavelmente os países com rácios inferiores.

  2. Atrás deles, temos os países que seguem o modelo continental: Alemanha, Áustria, Bélgica, França, com rácios de cerca de 4.

  3. Já muito distanciados, nos países anglo-saxónicos (Irlanda e Reino Unido) os mais ricos ganham 5 a 6 vezes mais que os mais pobres.

  4. Com valores muito similares, está o refugo do modelo continental, Espanha, Grécia, Itália: os países mediterrânicos (ver a este respeito Mozzicafreddo e Salis Gomes).

  5. Com valores ligeiramente superiores, alguns dos países de Leste (nem todos - por exemplo a República Checa e a Eslováquia têm valores que os colocam perto dos países escandinavos) apresentam um rácio próximo do 7.

Bom, e depois há o refugo do refugo. Pior que o Leste, está Portugal. Eu gosto de tentar acreditar que conseguiremos dar a volta por cima. Mas se ao fim de trinta anos conseguimos menos do que vários dos países de Leste em quinze, terei razões para não ser pessimista?

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Igor,

O comentário que escrevi no Voltaire era para este post, mas, por engano, coloquei-o no excelente extracto dos pensamentos de Voltaire.