domingo, 9 de setembro de 2007

Cada um deita-se na cama que faz

A canalha não é o povo. A canalha é a caricatura do povo para a televisão. São os que se juntam à saída de interrogatórios e julgamentos para insultar quem está na mó de baixo.

A canalha estava lá desde o início. E a canalhice da comunicação social também. Uns por amor a novelas, outros por precisarem das novelas para pôr o pão na mesa (por assim dizer), participaram no circo que o casal McCann e os seus amigos políticos tão bem montaram desde o momento 0.
Agora que o óbvio parece começar a confirmar-se, alguém se espanta com o resultado? Alguém acha que se pode criar monstros e depois controlá-los? Por favor...


Se há coisa que merece ser comentada é a manipulação mediática. Estive horas pregado à SkyNews, incrédulo com o que ouvia, com o despudor com que os jornalistas acham que podem tecer comentários às notícias (ou criar as próprias notícias). Agora, a canalha? A canalha está sempre lá. Alguém já viu algum julgamento com um mínimo de mediatismo que não tivesse a canalha? Que interesse tem meia dúzia de pobres de espírito? Seriedade, haja seriedade!

Os McCann escolheram este caminho. Agora, percorram-no.

10 comentários:

Anónimo disse...

Isto é uma discussão antiga, como te deves lembrar, e a verdade é que nessa 'canalha' cabe muita gente que se coloca de fora. Nâo vão para as portas dos tribunais mas andam pelos fóruns e blogues a fazer linchamentos de língua. Esta esquizofrenia entre o tal bestial e besta parece ser uma óptima matéria-prima para os Sun, os Mirror, os X-Horas, Skynews, etc, que correm céus e infernos para que a fonte não se esgote.

Os pais da criança puxaram por eles, com pressupostos intuitos de não deixar abrandar a busca. Ainda me custa acreditar que possa ser outra coisa, acho demasiado elaborado para quem perde um filho. No entanto, confesso que não tenho opinião. Nada, porque no meio desta espuma percebo que nada sei.

Só espero que a PJ não esteja a meter-se num buraco, seria o descrédito à vista de todo o mundo. E isso, sinceramente, não quero. Mas admitir a culpabilidade dos pais é outra coisa que me toca muito. Pieguices.

GMaciel disse...

Uma vez mais, Igor, estou em plena sintonia contigo. Era previsível que o circo mediático montado à volta dos McCann e devidamente explorado pelos próprios, lhes rebentasse na cara, à comunicação social e aos ditos.
Agora??? Esperemos o desfecho desta macabra estória, seja ele qual for.
A meu ver, ninguém fica bem no retrato, nem os ingleses, nem os portugueses; sejam os arguidos, as polícias ou a comunicação social.

Igor Caldeira disse...

Olá Marca e Graça, eu calei-me todo este tempo porque para mim estar a discutir a culpabilidade de A ou B é algo disparatado. Mesmo achando - como acho desde o início - que os pais têm culpa (aliás, culpa teriam sempre e sorte têm de ser britânicos; se fossem portugueses, como Moita Flores disse, o Estado já os teria acusado de negligência) não me compete opinar.
Agora, o que me parece - e é isto que eu queria frisar quando critico o post do Daniel Oliveira, e também do Miguel Portas, que vai no mesmo sentido - é que quem recorre à comunicação social da forma que eles recorreram, depois tem de se sujeitar. Okhem, outro bom exemplo - o Paulo Portas: então andou ele a fazer o que fazia no Independente e agora queixa-se das "condições de exercício da actividade política em Portugal"? Tem de haver seriedade. Responsabilidade.

Anónimo disse...

Sim, desviei-me um pouco do 'miolo' do teu post. Mas sabes, Igor, eu não aceito nem entendo como os pais possam ter deixado três crianças de colo e ido placidamente jantar, mesmo com turnos de vigilância. Há sempre uma que pode entretanto acordar, sentir-se mal, engasgar-se, etc. Falam em sedativos, o que piora a questão.

Mas isto é marginal, a situação estava criada e havia que lidar com ela. Por isso, quanto ao facto de mobilizarem a vox populi e os média e terem corrido para cá e para lá com uma câmara atrás, aí, e presumindo sempre a sua inocência - o que parece que está por provar - não os censuro. Não consigo ser tão lúcida assim, porque se fosse comigo, eu faria tudo o que fosse preciso para que as buscas não abrandassem, mesmo que esse tudo comportasse o risco de um dia o circo se virar contra mim. Como lhes está a acontecer cá em Portugal, em Inglaterra parece que (ainda) não, limitaram-se até agora a retirar as fitas amarelas do passeio público.


Olá, Graça! E cá andamos de novo! Eu não tenho blogue, mas visito os vossos. :)))

Igor Caldeira disse...

Eu também tenho dificuldade em perceber como se pode deixar crianças tão pequenas sozinhas em casa. Nunca percebi por que nunca ninguém questionou os pais por isso.
Quanto à questão dos media, eu compreendo o que queres dizer, eu próprio possivelmente também tentaria agir assim - o que te digo é que temos de estar prontos para aceitar as consequências das escolhas que fizermos.

E já que falas nisso... porque é que não tens blogue?
:-P

Eurydice disse...

Igor, este post está muito bem. Nos comentários já foi dito tudo, e por isso não acrescento nada.
E realmente oxalá se descubra tudo e se prove DEPRESSA, para as coisas pelo menos terem um fim claro e minimamente JUSTO.

Igor Caldeira disse...

Seria bom que tudo se descobrisse depressa, Bianca. Sou pessimista, mas quanto mais depressa se descobrisse tudo, melhor.

Anónimo disse...

AE já que falas nisso... porque é que não tens blogue?

Lol!!! Não tenho que dizer. :)))

Igor Caldeira disse...

:-PPP

GMaciel disse...

"outro bom exemplo - o Paulo Portas: "

Igor, logo, logo assustei-me com esta, mas depois compreendi e relaxei. Ufa!
:)))

Oi Marca, cá estamos! Também achei piada a esta:
"Não tenho que dizer."
LOL, digo eu!... Até parece que eu tenho?!
:))
jocas aos dois