Os estudos de gestão crítica têm, desde a publicação do livro de Mats Alvesson e Hugh Wilmott Critical Management Studies em 1992, representado uma corrente de pensamento e análise da gestão que simultaneamente se coloca aparte dos estudos tradicionais, “pró-managerialistas” mas que, ao contrário de muitos sectores que realizam um combate político e externo ao pensamento dominante nas escolas de gestão, está dentro dessas mesmas escolas. Trata-se, portanto, de uma visão crítica interna à gestão. Não se trata necessariamente de um ataque à gestão, mas antes de um ataque aos “dados adquiridos”, aos dogmas vigentes no meio.
A base da gestão crítica é a teoria crítica da Escola de Frankfurt (Horkheimer, Adorno, Marcuse, Habermas), pela sua defesa de indivíduos mais autónomos. Genericamente, um dos seus maiores contributos é a percepção de como trabalhadores e consumidores são condicionados para caberem nos parâmetros dos sistemas político e económico, em suma, de como os indivíduos são dominados, transformados por uma razão instrumentalizadora que os transforma em componentes de uma máquina. No entanto, a gestão crítica não se limita a Frankfurt, havendo autores que abordam a gestão a partir das obras de Deleuze, Derrida, Foucault (contraposto a Habermas, representando os dois os extremos da tensão entre distopia e utopia, tensão da qual, espera-se, algo de produtivo possa nascer).
Esta corrente opõe-se ao enquistamento doutrinário de uma suposta neutralidade mas que tem um forte pendor estratégico. Na gestão há uma pulsão tecnocrática que apresenta os gestores como os depositários da racionalidade empresarial (como se não estivessem eles próprios, como qualquer outra parte interessada, numa teia de interesses e objectivos muitas vezes conflituosos) e os únicos detentores de iniciativa, remetendo os restantes stakeholders para a posição de meros objectos/ meios. A posição de partida desta corrente é pois a de que esta área é demasiado poderosa e tem demasiados efeitos sobre empregados, consumidores e cidadãos em geral para ser entendida apenas numa lógica unívoca de meios e fins. A gestão e a economia, enquanto ciências sociais, são entendidas como tendo uma dimensão ético-política que está no seu núcleo principal; os seus objectos de estudo nascem em contextos específicos de relações de poder que podem eventualmente ser transformadas para desenvolver objectos diferentes.
Muitas vezes – e isso é visível mesmo nas teorias administrativas de base humanista – o objectivo da gestão é apenas obter empregados ou consumidores mais dóceis. Esta lógica deve, à luz da gestão crítica, ser combatida, submetendo a gestão a novas e mais amplas formas de prestação de contas. Muito para lá da mera produção de bens e serviços, o mundo empresarial influi sobre múltiplas facetas da vida humana; aceitar pacificamente a generalização do pensamento tecnocrático acarreta a consequência inevitável do colapso da democracia cívica (política). Aceitando-se que as lutas de poder ocorrerão sempre, afirma-se aqui que tão problemática é a sua negação como também a mera formalização de práticas de empowerment de outras partes interessadas, sem que se ponha em causa o discurso corrente – para lá da defesa da participação, a gestão crítica pretende pôr em causa muitos dos pressupostos em que se funda esta área do saber.
Desta forma, a gestão crítica pretende reunir um conjunto de temas base e de orientações de investigação e trabalho. Entre elas, contam-se o desenvolvimento de uma visão não objectivista das técnicas de gestão e dos processos organizacionais, o desnudar das relações assimétricas de poder, o ataque ao fechamento discursivo e à proliferação de “verdades” presumidas, o revelar da parcialidade dos interesses partilhados mas também dos conflitos (ao contrário dos marxistas, os autores desta área recusam a presunção de um conflito insuperável entre trabalho e capital) bem como, por fim, a revelação da centralidade da linguagem e da acção comunicativa, tanto nas relações que se estabelecem entre emissores e receptores, mas também nos significados historicamente construídos.
A base da gestão crítica é a teoria crítica da Escola de Frankfurt (Horkheimer, Adorno, Marcuse, Habermas), pela sua defesa de indivíduos mais autónomos. Genericamente, um dos seus maiores contributos é a percepção de como trabalhadores e consumidores são condicionados para caberem nos parâmetros dos sistemas político e económico, em suma, de como os indivíduos são dominados, transformados por uma razão instrumentalizadora que os transforma em componentes de uma máquina. No entanto, a gestão crítica não se limita a Frankfurt, havendo autores que abordam a gestão a partir das obras de Deleuze, Derrida, Foucault (contraposto a Habermas, representando os dois os extremos da tensão entre distopia e utopia, tensão da qual, espera-se, algo de produtivo possa nascer).
Esta corrente opõe-se ao enquistamento doutrinário de uma suposta neutralidade mas que tem um forte pendor estratégico. Na gestão há uma pulsão tecnocrática que apresenta os gestores como os depositários da racionalidade empresarial (como se não estivessem eles próprios, como qualquer outra parte interessada, numa teia de interesses e objectivos muitas vezes conflituosos) e os únicos detentores de iniciativa, remetendo os restantes stakeholders para a posição de meros objectos/ meios. A posição de partida desta corrente é pois a de que esta área é demasiado poderosa e tem demasiados efeitos sobre empregados, consumidores e cidadãos em geral para ser entendida apenas numa lógica unívoca de meios e fins. A gestão e a economia, enquanto ciências sociais, são entendidas como tendo uma dimensão ético-política que está no seu núcleo principal; os seus objectos de estudo nascem em contextos específicos de relações de poder que podem eventualmente ser transformadas para desenvolver objectos diferentes.
Muitas vezes – e isso é visível mesmo nas teorias administrativas de base humanista – o objectivo da gestão é apenas obter empregados ou consumidores mais dóceis. Esta lógica deve, à luz da gestão crítica, ser combatida, submetendo a gestão a novas e mais amplas formas de prestação de contas. Muito para lá da mera produção de bens e serviços, o mundo empresarial influi sobre múltiplas facetas da vida humana; aceitar pacificamente a generalização do pensamento tecnocrático acarreta a consequência inevitável do colapso da democracia cívica (política). Aceitando-se que as lutas de poder ocorrerão sempre, afirma-se aqui que tão problemática é a sua negação como também a mera formalização de práticas de empowerment de outras partes interessadas, sem que se ponha em causa o discurso corrente – para lá da defesa da participação, a gestão crítica pretende pôr em causa muitos dos pressupostos em que se funda esta área do saber.
Desta forma, a gestão crítica pretende reunir um conjunto de temas base e de orientações de investigação e trabalho. Entre elas, contam-se o desenvolvimento de uma visão não objectivista das técnicas de gestão e dos processos organizacionais, o desnudar das relações assimétricas de poder, o ataque ao fechamento discursivo e à proliferação de “verdades” presumidas, o revelar da parcialidade dos interesses partilhados mas também dos conflitos (ao contrário dos marxistas, os autores desta área recusam a presunção de um conflito insuperável entre trabalho e capital) bem como, por fim, a revelação da centralidade da linguagem e da acção comunicativa, tanto nas relações que se estabelecem entre emissores e receptores, mas também nos significados historicamente construídos.
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