“Temos de ser agentes de Deus no reino de César. Temos de nos deixar de negociações casuísticas e de fazer com César um contrato de parceria, mas estabelecendo uma carta de princípios”, disse Maria José Nogueira Pinto, que falava na primeira conferência da XXIV Semana da Pastoral Social, sobre ‘Os Cristãos na Intervenção Social’.
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Na opinião de Maria José Nogueira Pinto é inevitável que surjam conflitos entre as instituições cristãs e o Estado, caso o relacionamento não evolua da contratualização de serviços para uma parceria “público-privada”. Como exemplo, referiu-se a hipotéticos casos de eutanásia, adopção de crianças por casais homossexuais ou a criação de salas de injecção assistida, em que as instituições queiram fazer valer a sua identidade.
Não espanta no sentido em que não é preciso ser um génio para perceber que as religiões não são entidades neutras. A questão está no facto de o Estado pagar a um movimento que pretende determinar politicamente a sociedade num dado sentido. Das duas uma, ou se contratualiza um serviço e a entidade prestadora cumpre-o de acordo com as orientações do cliente (o Estado) ou então o Estado passa à frente: o serviço deve ser contratado a quem o queira prestar, e IPSS famintas de dinheiro é o que não falta para aí. As instituições religiosas não têm de reivindicar nada: ou prestam o serviço, ou não o prestam. Se querem ter voto na matéria, fazer política com as políticas de Acção Social e recusar determinados serviços, então arranjem quem lhes pague para isso - mas não o Estado.
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