quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Intervencionismo Conservador: Sarkozy e o Compromisso Portugal

Nicolas Sarkozy was at the Paris air show on a hot summer’s day in June when, in a speech laying out his vision for French industry, he threw out this simple phrase: “In economics, my only ideology is pragmatism.” Few outside France took note. But perhaps they should have done.
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"When competition is useful, I am for it," Sarkozy said in his June speech, one of those frank confessions that have left a cloud of suspicion over the motives for his industrial activism.
To be fair to Mr Sarkozy he is not the only EU leader who can be accused of merely paying lip service to free market principles. Apart from France [...] the Spanish, Germans, Italians and even the British have had their moments of economic nationalism.
[...] unlike his distant predecessor Mr Colbert, Mr Sarkozy's freedom to intervene remains limited by EU competition and state rules [...].
Indeed, though Mr Sarkozy's strategy can be criticised as nationalistic, it does not appear to be aimed at reinforcing state control. For the end result of what seems to be a burst of government intervention in France is a significant reduction in the state's hold on industrial companies that traditionally have been seen as vital public assets.
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Interestingly, many "Sarko watchers" note his almost uncompromising free market approach on domestic issues such as taxation and the labour market, while areas where he must bow to Brussels - such as competition - attract the most protectionist outbursts. [...]
Financial Times, 27 de Setembro

Habitualmente, quando pensamos em intervencionismo estatal pensamos em aumento do Estado e em socialismo. Esquecemo-nos que o Estado pode intervir de forma indirecta e que esse é o apelo próprio do conservadorismo. Sarkozy é o exemplo acabado deste intervencionismo conservador, em que apesar de haver uma redução do peso do Estado na economia, ele não prescinde (e pelo contrário incrementa) o seu poder sobre ela.
É uma posição cínica de que em Portugal tivemos o exemplo mirabolante do Compromisso Portugal, uma espécie de convento de beatos que nunca devem ter saído dos gabinetes e que, ao mesmo tempo que exigiam uma redução do Estado, pedinchavam o seu apoio aos seus negócios (aos seus empregos) sob o eufemismo de centros de decisão nacionais.
Este estatismo nacionalista deve ser desmascarado e separado de uma visão verdadeiramente liberal da economia. Menos Estado não significa menos (ou nenhuma) percentagem de acções estatais em empresas que funcionem em mercado concorrencial (ponho de parte os monopólios); significa isso mesmo, menos Estado, tanto no papel quanto nos actos, nas percentagens como nas relações face aos agentes.

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