domingo, 23 de setembro de 2007

Dois casos diferentes - Iraque e Afeganistão

Ao contrário do que é normal, a minha posição face a ambos os casos é diferente. Acho que as grandes diferenças entre ambos são essencialmente estas: o Iraque estava melhor com Saddam que está agora; o Afeganistão estava pior comos taliban que está agora. No entanto, estas são as diferenças posteriores, ou seja, resultantes da guerra. Se recuássemos 6 anos eu teria a mesma opinião que hoje tenho a respeito de ambos os casos e que é de resto a mesma que tive aquando de cada uma das invasões, e pelos mesmos motivos. Não é uma questão de casmurrice, é a realidade a confirmar a teoria.

Na sequência da guerra do Vietname os EUA, e nomeadamente os seus militares, tornaram-se bem mais cautelosos nas intervenções no exterior. Na senda das teorizações da "guerra justa", surgiu a Doutrina Powell, que para além de incluir aquilo que todos nós já conhecemos (a utilização massiça de força, para encurtar o período de guerra, com prévia utilização da força aérea), determinava que tinha de haver 5 requisitos a preencher e que eram todos imprescindíveis.
1- Só deve haver intervenção militar no exterior quando estão em causa interesses americanos
2- Deve ser apenas em último caso (último recurso)
3- O Congresso deve consentir expressamente, e a opinião pública deve concordar
4- Deve haver um mandato claro, limitado no tempo, no espaço e nos objectivos
5- Deve-se procurar aliados, coligações internacionais (multilateralismo)

Pegando nestes cinco princípios verificamos que o Afeganistão cumpria todos eles, ao contrário do Iraque. O resultado foi o que já referi: um melhorou, o outro piorou. E se é um facto que o Afeganistão não é hoje um país estável, livre, etc., etc., também é um facto que ninguém estava à espera que isso viesse a acontecer de imediato (o contrário do Iraque). Para além disso, o que algumas fontes militares também lamentam é que o Iraque esteja a absorver uma grande quantidade de recursos que com muito maior sucesso poderiam ser usados para pacificar de facto o Afeganistão.

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