sexta-feira, 22 de junho de 2007

Simplismos Atraentes: Neoliberalismo e Marxismo

Já anteriormente pude causar algumas reacções afirmar que o nazismo foi beber o princípio aristocrático ao conservadorismo, nomeadamente aqui e aqui.
Queria agora fazer outra pequena (bastante mais pequena) provocação. Digo pequena porque é de tal forma óbvio o que vou dizer que nem carece de maiores explicações. Quero eu dizer que o neoliberalismo partilha com o marxismo uma característica muito peculiar: um simplismo discursivo a toda a prova que dá respostas fáceis a qualquer questão que possamos colocar. A única diferença entre os dois reside no sítio onde se põe a cruzinha.
Todo este simplismo vem do facto de ambos seguirem à risca o mesmo processo mental: um julgamento eticamente utilitarista e economicamente determinista. A política desaparece e ficam apenas as certezas absolutas de que o modelo económico defendido é o melhor. Como ambos defendem que o Homem se resume a um conjunto de instintos básicos (que na contemporaneidade se designará genericamente como necessidades de consumo) e como ambos defendem (por mais provas em contrário que lhes apresentemos) que o seu modelo económico é inevitavelmente o que melhor satisfaz essas necessidades, está bom de ver a consequência lógica: no limite e se necessário for, não terão grandes problemas em apoiar e elogiar ditaduras.
A ditadura é o corolário do pragmatismo simplificador de ambas as ideologias: para quê darmo-nos ao trabalho de ouvir e negociar com os outros, quando sabemos à partida que eles estão errados?