Se o BCP fosse um país, seria a Argentina. Um passado muito próspero e um futuro incerto. É óbvio que a sua dimensão lhe permite suportar muitas coisas - só não sei é como é que com tão grande dimensão consegue ainda assim não evitar que erros informáticos bloqueiem as Assembleias-Gerais.
Joe Berardo, que apesar de ser em tudo o mais bronco, sabe dos seus negócios, foi ao fundo de uma questão importante:
E o BCP está longe de ser dos casos mais graves (plo menos a intenção de limitar os salários já foi expressa por Teixeira Pinto).
Entre 2000 e 2005 os salários dos administradores de topo das principais empresas portuguesas tiveram um aumento de 100%. Em cinco anos. Será que os lucros dessas empresas aumentaram na mesma proporção, ou seja, será que os patrões das empresas em causa (os accionistas) tiveram um aumento na remuneração do seu capital de 100% no mesmo período?
Como é natural, podemos duvidar disso. O que se passa é que os administradores tratam as empresas como se delas fossem donos. E, na prática, até são. Os accionistas são tantos e tão dispersos que nem notam que lhes estão a ir ao bolso. Só homens como Berardo é que se apercebem do abuso de confiança.
5 comentários:
Eu não tenho simpatizado com o Joe, mas agora tiro-lhe o chapéu!
Temos por cá a maior colecção de garganeiros que já se viu!
Igor:desde 1994 que o Banco é um desastre.
Ao começar uma política de aquisições o banco auto destruiu-se em valor real.
Tudo ali é plástico e fantasia, especialmente ao nível da cotação bolsista que está claramente acima do que aquilo vale.
E o banco apenas está desenhado para servir de alavanca para a Opus Dei e gerar ordenados de 200 mil euros aos administradores.
Isto porque existe um "mercado" - um nicho de mercado que é Portugal inteiro que foi partilhado desta maneira.
Os responsáveis?
O PS de Guterres com a "política" de "expansão e defesa dos centros de decisão nacionais".
Foi isso que gerou coisas como o BCP , profundamente decadentes num mercado oligopolizado.
Agora aquilo é apenas uma luta de poder entre diversas facções Opus lá dentro misturadas com gananciosos que existem também lá.
O berardo não é para simpatizar.
Ele está a dizer oque está a dizer porque tem algum objectivo e um dos objectivos dele é sempre baixar cotações para depois comprar e esperar um, dois anos par vender ganhando sempre entre 30 a 50% se não for mais.
Parece pouco mas se fizermos as contas a várias dezenas de milhões de euros e acrescentarmos a isso margens de 20% já é muito.
Quanto ao Senhor Teixeira Pinto menos de confiança é . Participou em manifestações em Madrid a apoiar falangistas - já mais do que uma vez.
Não preciso de dizer o que são falangistas pois não?
Também não acho que o Berardo seja para simpatizar. A questão é que ele pôe o dedo na ferida. Os salários astronómicos dos administradores não só são injustificados em si, como imorais (numa altura em que os salários da classe média descem - não é uma questão de se manterem, como na função pública, eles descem); mas, para lá de tudo isso, ainda há este outro problema: os administradores comportam-se como se fossem eles os donos, utilizam as empresas para objectivos pessoais (neste caso, a Opus Dei e o fundamentalismo católico) e diminuem a remuneração do capital em dezenas de milhões de euros.
Como os gestores substituiram os generais ou os escritores de antigamente (são os novos heróis) esta é uma questão ainda pouco falada. Mas em algum momento vai ter de vir ao de cima. Lá fora a questão já não é tabu (ou, pelo menos já vai sendo falada e estudada).
igor:concordo.
Mas diz-me uma coisa: achas mesmo que em Portugal existe maioridade política da população para discutir algo como isto?
Não escrevo isto num sentido elitista da questão, ponhamos a questão assim.
Mas existe alguma capacidade para questionar a legitimidade( do meu ponto de vista, a falta dela) para existirem gestores a ganharem o que ganham e a patrocinarem atitudes e comportamentos anti democracia, como no BCP se faz e as pessoas verem isso?
E agirem sem ser através do arraial e da manifestação e de coisas como essas que atiram ao lado do problema?
Duvido muito.
Estou em concordar com o Igor: apesar de tudo, é melhor que a questão seja levantada, do que ignorada...
O Joe não se converte em anjo do lar, mas este gesto faz alguns estragos no véu da demagogia.
E isso, em si mesmo, é positivo.
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