sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Hasta quando?

Reportagem da RTP sobre Cuba. Vi há poucos dias na televisão e soube que já estava na internet. Vale a pena ver.

(Há uma coisa que me incomoda: como é que alguém que tenha o mais ténue respeito pela democracia pode sequer pôr a hipótese de ir de férias para aquela ilha e alimentar aquela ditadura?)

Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


Recomendo em particular a parte 4. Muito esclarecedora.

14 comentários:

Anónimo disse...

Da mesma forma que vão de férias para a Jamaica, Marrocos, Angola, China, Dubai, etc etc etc etc etc. Democracias no mundo estão em minoria, e duvido que a ditadura cubana esteja entre as piores.

Alguém imagina que a filha da Fátima Felgueiras, perdão, a jornalista da RTP poderia fazer uma reportagem deste tipo no nosso vizinho Marrocos ou na nossa irmã Angola e sair de lá inteira?

E já agora, que raio de ética jornalística é esta de ir a trabalho para um país estrangeiro com visto de turista (razão pela qual a polícia a interrogou)?

Mais esclarecedora foi a reportagem exibida esta noite pela SIC, sobre um miúdo português que vivendo com tanta "democracia" teve que ir a Cuba para receber tratamento médico.

Igor Caldeira disse...

Só te esqueces de estabelecer uma pequena diferença entre democracias musculadas (Marrocos), democracias autoritárias (Dubai como país não existe, Emiratos Árabes Unidos), não conheço o regime jamaicano e estados totalitaristas como Cuba ou a China (a China não creio que já tenha chegado ao pós-totalitarismo, mas se alguém tiver argumentos nesse sentido posso mudar de opinião).

Caríssimo, há milhentas reportagens sobre Marrocos e sobre Angola, e ninguém foi morto. Em Marrocos discute-se tudo, a condição feminina, o fundamentalismo religioso e a pobreza que o alimenta ou até a repressão da monarquia aos socialistas de há 40 anos atrás. Até sobre isso (e as inúmeras mortes que então houve) já eu vi reportagens, e nada de mal resultoiu para o jornalista.
Angola idem, quantas reportagens sobre a miséria em Angola já vimos? Aconteceu algo aos jornalistas? Para além disso, ao passo que Angola está a dar pasos em direcção à democracia, Cuba continua igual a ela própria: um paraíso da demência estalinista em que o PCP gostaria de nos enterrar a todos.

E já viu que com tanto "socialismo" há milhões de cubanos que fugiram para poderem viver com dignidade, milhões de outros cubanos que se pudessem fugiam, e centenas de milhar que, não fungindo, furam todos os dias as regras do perfeitíssimo "socialismo" cubano?

Anónimo disse...

Em Marrocos a monarquia é discutível? Nos Emiratos também? Pode-se discutir José Eduardo dos Santos em Angola? Muito me conta... pode só fazer o obséquio de me dar exemplos mais concretos? É que fiquei mesmo muito curioso.

Igor Caldeira disse...

Não se conhece oposição à monarquia em Marrocos. Donde... se presume que não seja um drama para os marroquinos. Aliás, os marroquinos progressistas devem ser pró-monárquicos, dado que nos tempos que correm a alternativa é uma teocracia.

De qualquer modo, explique lá uma coisa: porque é que em vez de atacar esses países não explica se Cuba é ou não um país "democrático"? Ou será que desviou o assunto porque tem vergonha de admitir que acha que Cuba é um a democracia? E se acha que Cuba é tão bom, porque é que não vai para lá viver? Será porque se não fosse uma pessoa "proeminente" uma coisa tão simples quanto vir comentar a este blog lhe estaria vedado?

Anónimo disse...

"Não se conhece oposição à monarquia em Marrocos." Um óptimo indicador de uma democracia saudável e madura, as melhores são mesmo as sem oposição.

Então denunciar a falta de democracia de um país é ataca-lo? Quer isso dizer que isto é um post de ataque a Cuba?

Eu nunca disse que Cuba era uma democracia. Só me choca a constante necessidade de bater num pequeno e longínquo país, quando temos ao lado todo um continente não-democrático, com o qual temos muito mais laços culturais, históricos e económicos, sem que ninguém se indigne.

Ou acha mesmo que em Angola se não for um cidadão proeminente tem alguma hipótese de algum dia consultar este seu blog? Não há ditadura mais eficaz, e com mais amiguinhos prontos a defende-la, que a do dinheiro. Ou melhor, a falta dele.

Igor Caldeira disse...

Há dois tipos de oposição. A oposição ao regime em si, e a oposição aos governos que passageiramente ocupam o poder. Em Marrocos encontramos sobretudo o segundo tipo. Em Cuba encontramos apenas o primeiro tipo, e não é por acaso - "passageiro" é uma palavra que os comunistas não compreendem.

Há muita gente que se indigna. O problema na maior parte desses países é que, antes mesmo de se discurtir se são ou não democracias, o desafio e torná-los em Estados. E boa parte deles não o são.

Já Cuba é um Estado, e é um Estado no qual há milhões de pessoas que gostariam de ser livres e seriam capazes de o ser.

Em Angola pode-se ser opositor ao governo e fazer tudo. Ver tv nacional e internacional, ler jornais nos quais se escreve contra o governo e aceder irrestrictamente à internet. A menos que esteja a confundir liberdade com poder económico (o que desde logo coloca o problema dos angolanos que tendo dinheiro para ter internet, não são pessoas "proeminentes" nem apoiantes do governo sequer) o que é um argumento recorrente em alguma Esquerda mas que falseia a discussão, para lá de ser incorrecta em si (em Angola ninguém precisa de autorização estatal para ter internet, ao contrário dpo que sucede em Cuba - pequenas diferenças para si, presumo).

Anónimo disse...

Ui ui, e viva José Eduardo dos Santos! Meu caro, já foi a Angola? Não fale em "internet em Amgola" que é simplesmente ridículo. Falemos de coisas reais, internet em Luanda, quem navega? A classe média? Que classe média? Repito, já foi a Angola?

Em Marrocos as pessoas são presas por fazerem piadas sobre o rei. Em Espanha revistas são retiradas dos quiosques pelo mesmo motivo. A vida e o mundo não é preto e branco, e Cuba está muito longe de ser o pior sítio onde se viver.

Repare: http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_Human_Development_Index

Cuba em 50º, Brasil em 69º e a sua querida e livre Angola em 161º. Nunca há liberdade quando falta o que comer ou o mais básico cuidado de saúde. Em Cuba não há fome e tem um dos melhores serviços nacionais de saúde do mundo! E isso, por muito que lhe custe, já é dizer muito mais e muito melhor que a maior parte dos países do planeta.

Nota: não, o índice de desenvolvimento humano da ONU não é da responsabilidade do PCP.

Igor Caldeira disse...

" classe média? Que classe média? "

Tal como eu disse, confunde liberdade com questões económicas. Olhe, talvez se os cubanos não tivessem alimentado a guerra e proxenetizado Angola talvez o povo vivesse um pouco melhor. Ou será que isso lhe escapa no juízo histórico?

Cuba está longe de ser o pior sítio onde se viver. É certo: a Coreia do Norte é bastante pior.

Ninguém afirmou que Angola era minha querida - o senhor é que falou de Angola. E, novamente, confunde economia com liberdade. O IDH não mede o grau de liberdade de expressão, mede o desenvolvimento. Coisas vá lá, um pouco diferentes. Para mim, e para a maior parte das pessoas. Não para si. Nem, já agora, para os neoliberais que apoiavam o regime de Pinochet. Politicamente podem estar em extremos opostos - mas o resultado final é o mesmo. O branqueamento de ditaduras.

Anónimo disse...

Para finalizar, não fui eu que disse que Angola e Marrocos eram democracias. Portanto, no capítulo do branqueamento de ditaduras estamos conversados. Ainda mais se acha mesmo que o grau de desenvolvimento não limita, por si só, a liberdade de uma população. Não há liberdade sem pão, não há liberdade sem tecto e não há liberdade sem educação.

Foi isso que disse, por isso não me distorça, pois, e vou explicar-lhe como se tivesse o desenvolvimento mental de uma criança de 5 anos, dizer isso não implica dizer que havendo pão logo há liberdade, havendo tecto logo há liberdade e havendo educação logo há liberdade. Nunca disse, e não, não está implícito, consegue ver a diferença?

Quanto à guerra em Angola, é preciso ter lata, francamente!

Anónimo disse...

PS: Mas não deixa de ser comovente a sua preocupação com a liberdade do povo cubano, quando afinal defende um embargo económico que lhe esvazie os bolsos. Adoro a hipocrisia pseudo-liberal. É tudo muito livre, mas se não aceitas a economia de mercado deves morrer de fome. Supê liberal sei lá, supê democático.

Igor Caldeira disse...

Onde é que eu escrevi que Angola era uma democracia? Vá lá, não se enerve muito. Quem mente numa discussão é porque começa a ficar sem argumentos.

E diga lá - há liberdade sem eleições?
Vou-lhe explicar como se tivesse o desenvolvimento mental de uma criança de 5 anos: eu sei que lhe dói, que Cuba deve ser para si o paraíso, tal como a Coreia do Norte (apesar de não querer para lá emigrar - já reparou em quantas pessoas vão para Angola e quantas fogem de Cuba?), mas Cuba tem um regime podre, corrupto, insuportável e que apenas se manterá pelo roubo sistemático de uma elite cleptocrática e pela repressão sistemática do povo.

É interessante como argumentação se resume a uma imensa vacuidade. Em momento algum é capaz de se centrar em alguma das questões que lhe coloque e de lhes responder. Para defender Cuba, usa outros exemplos - já agora, qual é o regime jamaicano? falou dele e depois não aprofundou - e quando lhe falo no papel de Cuba e do seu exército mercenário na guerra civil angolana diz apenas que é preciso ter lata. E porquê, meu caro? Quer explicar?

A sua doença - o síndrome Bernardino - acaba com o reconhecimento daquilo que eu já tinha dito. Para si, a liberdade é basicamente uma questão de ter uns médicos e umas comidas. Se o Estado nos mata ou nos prende por discordarmos dos líderes que se eternizam no poder, isso tanto faz. Olhe, não quer ir para a Madeira?

Para além disso, em Cuba (ao contrário da Coreia do Norte) ninguém morre de fome. Portanto, como é que pode dizer que quem não aceita a economia de mercado morre de fome? Aliás, se viu a reportagem (não deve ter visto, devia ficar cheio de urticária) quem morre de fome é quem não aceita o socialismo cubano. Nas prisões cubanas a subnutrição é uma realidade. Coisa que nem sequer no indescritivelmente mau sistema prisional americano sucede. Aliás, nos EUA os pobres podem ter falta de muita coisa, mas não de comida. E então, será que os EUA são socialistas?

Quanto aos "supês", não me venha com coisas - se há coisa que abomino são pequeno-burgueses pseudo-revolucionários a quererem fazer-se passar por proletários.
Não sei se o menino pertence a uma classe sem futuro histórico, mas estou certo que adere a uma ideologia sem futuro histórico.

Anónimo disse...

Você está cheio de certezas. Realmente deve ser muito mais fácil responder ao que não disse e não sou, do que às questões e pontos que coloquei. "Ah não acha que Cuba é o pior lugar do mundo e que deve ser sujeito a um embargo turístico, além do outro? Só pode ser um comunista!". Fique com as suas certezas, o seu mundo a preto e branco, e supê livre, está bem de ver - quem não concorda comigo é um estalinista, só pode. Pois, pois...

Sabe o que é que lhe faria muito bem? Umas férias em Cuba! Nada como provar a realidade, para a além da propaganda mainstream, acrítica e acéfala. Mas isso implicaria ser capaz de pensar pela própria cabeça e desobedecer ao embargo americano, enfim, não me parece possível. Logo me dirá. Vá antes para a República Dominicana, que é mesmo ao lado, e supê livre.. claro, pois pois.

É claro que ninguém morre de fome em Cuba, por muito que os EUA e embarguistas como você se esforcem por. Cuba é autosuficiente, é isso que vos irrita tanto. Que com toda a pressão, com o embargo, etc etc, um pequeno país como Cuba mostra que afinal não precisa de capitalismo ou EUA para ter um desenvolvimento muito acima da média planetária, e aliás, até de 2 países da UE. É isso que vos dói, e não a falta de liberdade, um problema global, muito para além das fronteiras cubanas.

Igor Caldeira disse...

"Você está cheio de certezas."
Ah, eu é que sou cheio de certezas. Já agora, e falando em certezas, quem lhe disse que sou um "embarguista"? O que eu disse é que moralmente eu nunca poria os pés naquela terra. De resto,. acho que deve ser a bela bosta de um destino turístico. Quem gosta de liberdade não se pode sentir bem numa terra daquelas. Republina Dominicana também não me interessa nada. Sabe, eu gosto mesmo é de civilização: Europa. Ou uma colónia europeia. As Caraíbas estão cheias delas.

Cuba não é autosuficiente. Cuba precisa da Europa. E a Europa, que felizmente nisto até não é estúpida, faz negócio com o embargo americano. Os americanos, sempre tão pragmáticos em regra, são demasiado sensíveis à questão. Não percebem que o comércio é civilizador e o capitalismo faz ruir o mais indómito socialista. A situação actual, baseada no mercado negro e nos dólares dos emigrantes nos EUA só alimentam a ditadura, que já criou um centro comercial estatal onde na prática o socialismo está "suspenso" e é deixado à porta: lá dentro, quem quer que tenha dinheiro, ou seja, quem quer que seja uma pessoa "proeminente" ou tenha um filho ou uma irmã nos EUA, pode comprar tudo o que quiser... com o dinheiro americano. Estranho? Não. É o cinismo de quem se apresenta como o paraíso sobre a terra. E a estupidez de quem nele acredita.

Igor Caldeira disse...

Olha, pá, isto é assim:

- Sim, eu acho que todos os países democráticos, com economias de mercado e estados sociais em que todos são tratados iguais, independemente de serem ricos, pobres, do partido certo ou errado, brancos, prestos ou azuis, heteros, homos, bis ou trans;
- Considero inferiores todos os países não democráticos em que haja privilégios, como em Cuba
- Não admito que um palhaço de merda que nem sequer tem a paciência de fazer um registo e usar o nome próprio me venha acusar a mim de ser racista;
- Não admito que um palhaço de merda que defende regimes totalitários me venha com "Heils";

Portanto, ficas avisado. Ou mostras mais respeito ou mostras mais coragem.