A crítica dos anarco-capitalistas ao Estado tem esta dupla faceta: metade é a crítica à sua artificialidade, metade é a afirmação de uma série de princípios (pessimistas) a priori acerca da natureza humana. Trata-se, pois, apenas de uma repescagem do discurso conservador, incomodado com a não-organicidade do Estado moderno e entendendo que os indivíduos agem exclusivamente por interesse próprio, pelo que a busca e a manutenção do poder por todas as vias é a única regra segura.
Com todas as pretensões a serem libertários, são apenas a adolescência intelectual do conservadorismo. De resto, e se provas necessitássemos disso mesmo, bastaria ver o afinco com que eles criticam coisas como a defesa dos direitos das mulheres, das minorias raciais ou sexuais ou da ecologia. Se fossem verdadeiramente libertários, procurariam o máximo aumento das liberdades. Podiam até continuar a ser "anti-estatistas" mas a dirigirem também a sua crítica a quando a sociedade (por si própria ou através do Estado) limita a liberdade dos indivíduos através das discriminações. Como não o fazem a única conclusão a que podemos chegar é que os libertários de direita são somente conservadores imaturos.
4 comentários:
Touché! Começo a gostar cada vez mais deste blog =)
;-)
A contradição do pensamento liberal conservador é não perceber que é com uma economia de mercado que "everything that was solid melts into air" o que torna a sua posição auto-contraditória. O remendo neo-conservador e a tentativa de impor uma aristocracia manipuladora sempre é percebe a contradição inicial...
Até os simplistas têm direito a de vez em quando ensaiar alguma sofisticação.
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